Juizo da verdadeira causa do terremoto, que padeceo a corte de Lisboa, no primeiro de novembro de 1755. Pelo padre Gabriel Malagrida da Companhia de Jesus, Missionario Apostolico. — Lisboa: Na Officina de Manoel Soares. M.DCC.LVI. Com todas as licenças necessarias.
Muito famoso opúsculo do Padre Gabriel Malagrida (1689-1761), publicado em Lisboa em 1756, condenado ao fogo em 1772 pela Real Meza Censoria, 11 anos (1761) após a execução de seu autor (estrangulado e depois queimado), considerado herético pelo tribunal da Inquisição. Neste texto, ele afirma, contra todas as interpretações materialistas (cf. a de Pedegache), que o terramoto que abalou Lisboa em novembro de 1755 foi um castigo divino contra o relaxamento espiritual do povo português e da sua Corte.
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EDITAL DA REAL MEZA CENSORIA … Meu Tribunal da Real Meza Censoria foi denunciado o Papel, que tem por titulo: Juizo da verdadeira causa do Terremoto, que padeceo a Corte de Lisboa no primeiro de Novembro de 1755; Author Gabriel Malagrida. E procedendo-se ao exame de sobredito Papel com a circumspecção, que merecia por seu assumpto; e havidas sobre elle repetidas Sessões, se assentou com unanime consenso: Que a sobredita Obra esta concebida em hum espirito infame, fanatico, malicioso, temerario, e heretico … BISPO P. … Executou-se a pena do fogo, a que foi condemnado o livro… Lisboa, 8 de Maio de 1772.
Sentença proferida pelo tribunal real de censura, a Real Meza Censoria, em 30 de abril de 1772, contra o Juizo... (1756) de G. Malagrida. Acusa o texto de heresia, por ter transgredido o dogma da insondabilidade da vontade divina. Acusa Malagrida de enganar o povo e de tirar proveito da sua ignorância para reforçar o seu próprio poder temporal e o da Companhia de Jesus.
Condena o texto a ser queimado na Praça do Comércio (Lisboa) e ordena que todos os exemplares sejam entregues ao secretariado do Tribunal da Real Meza Censoria.
Redigido pelo deputado e secretário do tribunal Francisco de Atouguia de Bentencourt; assinado pelo Bispo P.
Sentença executada a 8 de maio de 1772, perante o Doutor Luiz Coelho Ferreira do Valle e Faria, Juiz do Crime do Bairro de Santa Catarina. Assinado por Luiz Coelho Ferreira do Valle e Faria e Bernardino Gomes de Leiros.